A madruga desta quarta-feira, dia 13 de outubro de 2010, entra para a história da humanidade como a data na qual o ditado “a fé move montanhas” se materializou. Como disse o presidente do Chile, Sebastián Piñera, “a fé moveu montanhas” e os trinta e três mineiros presos a mais de dois meses a cerca de 700 metros de profundidade do solo, na mina de San José, no Chile, começaram a ser resgatados. Este ditado é baseado em trechos bíblicos de Marcos 11:23 e Mateus 17:20 e serve para ilustrar que tendo-se fé, coisas grandiosas podem acontecer, como até mesmo uma montanha deslocar-se para dar passagem. No caso da Mina de San José, embora não tendo havido o deslocamento propriamente dito de uma montanha, houve a abertura de um túnel de 622 metros terra abaixo, em uma missão que envolveu muita técnica, tecnologia, paciência, dedicação e, acima de tudo, fé e esperança, pois além da grande distância que separava os mineiros da superfície do solo, foi necessário a perfuração de rochas para o túnel alcançar aqueles homens confinados nas profundezas da terra. Pergunto-me se a fé e a esperança daqueles mineiros seria do mesmo tipo daquela que sentimos nós? Ou terão eles, em seus sessenta e nove dias de isolamento, desenvolvimento outro tipo de fé e de esperança, mais forte e mais plausível? Ou será a fé e esperança deles daquele tipo experimentado por homens e mulheres desenganados a quem nada mais resta se não agarrar-se, com as duas mãos, a crença de que tudo é possível e de que até mesmo milagres podem acontecer? Alberto Caeiro, personagem, dentre tantos, das expressões poéticas de Fernando Pessoa, é um pastor de pensamentos que não acredita em Deus. Declara nunca Tê-lo visto: “Não acredito em Deus porque nunca o vi. Se ele quisesse que eu acreditasse nele, Sem dúvida que viria falar comigo E entraria pela minha porta dentro Dizendo-me, Aqui estou!”. Se Caeiro experimentasse o espírito de comunhão, esperança e comoção da humanidade toda que reza por aqueles mineiros enterrados vivos, não ousaria a duvidar da existência de Deus. Aliás, o próprio Caeiro revela que gostaria de crer Nele: “Quando os relâmpagos sacudiam o ar [...] Pus-me a rezar a Santa Bárbara Como se eu fosse a velha tia de alguém.[...] Sentia-me alguém que possa acreditar em Santa Bárbara.... Ah, poder crer em Santa Bárbara!”. Poderia o homem, sozinho e em sua finitude, ter força suficiente para mover montanhas? Que a esperança dá força todos sabemos. E crer em esperança já é crer em Deus, por principiar e eternizar, pois esperança é sinônimo de perspectiva, probabilidade, promessa. Até mesmo o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, manifestou, terça-feira, sua esperança do pleno sucesso do resgate dos trinta e três mineiros presos sob a terra no Chile. "Nossos pensamentos e orações acompanham os mineiros, suas famílias e os valentes homens e mulheres que têm trabalhado arduamente para seu resgate. Rezamos para que, com a graça de Deus, os mineiros possam sair a salvo e voltar rapidamente para suas famílias", disse Obama na Casa Branca. Naquele abismo de escuridão, mesmo longe do céu, os mineiros não desacreditaram na salvação. Talvez, tenham até recordado que o número de mineiros soterrados (trinta e três) é místico, pois representa, entre outros simbolismos, a idade de Cristo, filho de Deus. Não há como afastar a fé dos homens, como instrumento a possibilitar a materialização da razão. Mas como será que rezam os que não tem fé? Assim como Caeiro, imagino ser difícil alguém realmente desacreditar na existência divina. Surpreende sim, é ver a montanha ser movida, ou a rocha sendo derrubada. Até o encerramento deste texto, dezoito mineiros foram resgatados (todos os 33 foram salvos). Continuo orarando para que, com a graça de Deus, todos os mineiros encontrem a luz.
texto do meu amigo de infância e colega de aula Valtencir Kubaszwski Gama (advogado e escritor)
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
A fé moveu montanhas
Postado por Henrique de Borba Júnior às 12:55 PM
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